A urbanização e o rápido desenvolvimento tecnológico ocorridos no século passado no mundo todo provocaram muitas mudanças no estilo de vida das pessoas, tanto dos adultos quanto das crianças. Essas modificações trouxeram o sedentarismo, aumento do estresse e hábitos alimentares alterados (com maior consumo de gorduras e açúcares, combinado com menor ingestão de alimentos ricos em fibras). Outra mudança também observada foi a preferência de realizar as refeições das famílias fora de casa, trocando refeições mais naturais por aquelas com maior teor de açúcar, sal e gordura.
A longo prazo, essas mudanças alimentares trazem alguns problemas à saúde, dentre eles as dislipidemias. As dislipidemias são alterações provocadas no metabolismo das gorduras, mudando as concentrações dos diversos componentes presentes no sangue denominados de lipoproteínas (LDL – Colesterol, HDL-Colesterol e VLDL) como também dos triglicerídeos.
As dislipidemias são consideradas fatores de risco para doenças cardiovasculares, juntamente com a obesidade, pressão alta e diabetes. É importante ressaltar que esses fatores de risco estão aparecendo com mais frequência em crianças e adolescentes a cada dia.
As dislipidemias são classificadas em:
– Primárias: sua origem é basicamente genética;
– Secundárias: causadas por doenças (hipotireoidismo, ovários policísticos, diabetes, obesidade, entre outras), ou por uso de medicamentos (como os corticóides por exemplo), ou por hábitos de vida inadequados (tais como sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e alimentação).
A alimentação é um dos tratamentos para controle das dislipidemias, por meio da modificação dos hábitos alimentares.
As gorduras saturadas em excesso são a principal causa dos aumentos do LDL (chamado de “mau colesterol”), triglicerídeos e colesterol total, com diminuição do HDL (chamado de “bom colesterol”). Esse tipo de gordura é encontrado nos alimentos e produtos de origem animal, como o leite e seus subprodutos – queijos, manteiga, creme de leite, entre outros -, ovos, gorduras da carnes e nas peles de peixes e aves.
O colesterol proveniente da alimentação pode provocar essas mesmas alterações, também sendo fonte alimentar desse componente os alimentos de origem animal, especialmente os frutos do mar, vísceras e embutidos (salsicha, mortadela, presunto, etc), sendo aconselhado o consumo moderado destes alimentos.
A gordura trans é formada durante os processos industriais, ficando com a estrutura química semelhante à gordura saturada, também provocando tais mudanças no organismo. São fontes alimentares de gordura trans: gordura presente em alimentos industrializados (biscoitos recheados, sorvetes, salgadinhos do tipo chips, etc).
Já as gorduras insaturadas têm efeito de melhorar o perfil lipídico, reduzindo os níveis dos triglicerídeos, colesterol total e LDL-colesterol, e ao mesmo tempo, aumentando os níveis de HDL-colesterol. As gorduras poli-insaturadas – ômega 3 e ômega 6 – e as gorduras monoinsaturadas – ômega 9 – são encontradas em alguns alimentos, como os óleos vegetais (soja, girassol, azeite de oliva, etc), gordura dos peixes, oleaginosas (grupo das castanhas), linhaça, abacate, entre outros.
As fibras solúveis e insolúveis auxiliam no controle das dislipidemias, pois reduzem o trânsito intestinal, aumentam a saciedade e ajudam na eliminação do colesterol. As frutas, verduras e grãos integrais são fontes de fibras.
Outros componentes naturais, denominados fitosteróis, colaboram na redução da absorção do colesterol no intestino, além de exercerem função de antioxidantes, diminuindo o acúmulo de gordura nas artérias. Essas substâncias são encontradas especialmente nos alimentos vegetais.
Em caso de orientações específicas para cada quadro clínico, é necessário procurar um profissional nutricionista.
Fonte: A Nutricionista