A doença renal crônica é um problema de saúde pública mundial. Mais de um milhão de pacientes no mundo encontra-se em programa de terapia renal substitutiva (diálise). Cerca de dez milhões de brasileiros têm alguma disfunção renal e de acordo com o Censo Brasileiro de Diálise da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), mais de 92 mil pacientes fazem hemodiálise no país. Os hipertensos e diabéticos merecem atenção especial porque fazem parte do grupo de risco. Estima-se que existem no Brasil cerca de 35 milhões de hipertensos e sete milhões de diabéticos.
Segundo o presidente da SBN, Daniel Rinaldi dos Santos, a hipertensão arterial é a principal causa de doença renal crônica dialítica, responsável por 35% dos pacientes em diálise. Outros 27,5% fazem hemodiálise em função do diabetes – a segunda causa de doença renal crônica no Brasil. Rinaldi explica ainda que de 30% a 40% dos pacientes portadores de diabetes tipo 1 podem evoluir para perda de função renal e de 10% a 40% dos diabetes tipo 2 – o mais frequente – evoluem com alteração da função renal. O tratamento adequado tanto da hipertensão quanto do diabetes impede ou retarda o risco de desenvolvimento da insuficiência renal crônica.
O diagnóstico precoce de disfunção renal no diabetes pode ser feito com a pesquisa de proteína na urina (albuminúria). Já a dosagem sanguínea de creatinina deve ser realizada em todo paciente com diabetes e hipertensão. “Através desse procedimento, que é um exame simples e barato, disponível na rede pública, podemos determinar em qual estágio da insuficiência renal se encontra o paciente”, explica Rinaldi.
Uma das principais medidas de combate à disfunção renal é o controle da hipertensão arterial e do diabetes, além da redução da perda de proteína na urina (proteinúria). Para isso, é preciso uma combinação de cuidados na alimentação, hábitos de vida saudáveis e medicamentos específicos. Além dos fatores genéticos existem questões ambientais como, por exemplo, o excesso de consumo de sal, o baixo consumo de potássio presente em frutas e legumes e até o estresse. O ideal, diz Rinaldi, é uma dieta restrita em sal (máximo cinco gramas por dia), pobre em carboidratos (para diabéticos), com restrição de gorduras e pouca carne vermelha. A obesidade e o sedentarismo também influenciam de forma significativa. Por isso, a atividade física, o abandono do tabagismo e a redução da ingestão de álcool são fundamentais. O uso adequado de medicamentos é essencial para o controle da hipertensão e do diabetes, assim como a realização de exames periódicos e consultas com especialistas.
Os dados alertam também para as complicações nefrológicas na gestação. Segundo Rinaldi, em uma gravidez normal, a mulher tem uma queda na dosagem de creatinina no sangue. “Qualquer elevação nessa dosagem significa uma gestação de alto risco, com possibilidade de complicações graves para a mãe e o feto”, afirma.
No caso de grávidas portadoras de diabetes, hipertensão, glomerulopatias (doenças que acometem os glomérulos, que são estruturas constituídas por um tufo de capilares sanguíneos) e qualquer alteração na função renal necessitam de acompanhamento e controle médico rigorosos. Em pacientes que fazem hemodiálise, o procedimento dialítico precisa ser diário durante toda a gestação, para garantir a adequada evolução da gravidez.
Sociedade Brasileira de Nefrologia
Fundada no dia 02 de agosto de 1960, a Sociedade Brasileira de Nefrologia conta hoje com 3.100 associados em todo o país. O objetivo da entidade é congregar médicos e profissionais da saúde em torno da nefrologia, promovendo o crescimento da especialidade, por meio do apoio aos profissionais, o incentivo a projetos científicos e educacionais, colaboração com as demandas das sociedades médicas afins e com as demandas governamentais, no sentido de garantir à sociedade universalização do acesso à saúde renal.
Fonte: Bem Paraná