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Em 7 anos Cirurgias de redução do estômago aumentam 150%

As cirurgias bariátricas, popularmente conhecidas como de redução de estômago, realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram 150% em sete anos, segundo o Ministério da Saúde. Entre 2003 e 2010, os procedimentos passaram de 1.778 a 4.437 ao ano. Ainda segundo a pasta, o atendimento inclui exames preparatórios, e até mesmo cirurgia plástica (das quais não foram fornecidos números), além de orientação nutricional e psicológica.

Entretanto, para que a cirurgia seja recomendada, o paciente deve ter mais de 18 anos, além de passar por um tratamento de dois anos com avaliação de equipe multidisciplinar. Caso não haja sucesso na perda de peso, a cirurgia só indicada, mas apenas para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 40 kg/m². O calculo é feito ao dividir o peso pela altura ao quadrado.

Segundo o Ministério da Saúde, também é recomendada a cirurgia em casos de diabetes, hipertensão arterial, apnéia do sono, hérnia de disco e outras doenças associadas. O procedimento também pode ser e indicado para aqueles que ganham peso há cinco anos, mesmo com tratamentos convencionais.

Para o presidente da Associação de Amparo ao Obeso da Bahia, Luiz Carvalho, os números e iniciativas apresentados pelo governo não representam a realidade e a fila de espera é de ao menos cinco anos. “Tenho observado na mídia o avanço divulgado pelo governo, mas não é isso que nós vemos na prática. Existem obesos que estão morrendo na fila da cirurgia. Aqui em Salvador só existe um hospital na rede pública que trata desse assunto”, diz.

Ele diz que o atendimento é demorado, desrespeitoso e incompleto. “Você tem que acordar às 4h para conseguir um atendimento clínico, para depois ser encaminhado para um endocrinologista. Um médico dessa especialidade é a coisa mais difícil de se conseguir na rede pública para indicar uma dieta e fazer acompanhamento. Para cirurgia, ele (o médico) diz logo: ‘olha, você vai ter que entrar na fila'”.

Segundo Carvalho, na rede particular o atendimento é o ideal. “Você é atendido rapidamente, com dieta e redução de peso, mas para o obeso que depende do SUS não temos essa riqueza, não temos esse luxo. O médico vai dizer: ‘rapaz, fecha a boca’, e acabou. Não tem aquele acompanhamento. Um dia estava no hospital e o camarada me chamou de negão: ‘Negão, você vai ter que fechar a boca'”, reclama.

Ele defende o estudo de viabilidade para SPAs populares, campanhas de conscientização em postos de saúde, e levanta dúvidas sobre a eficácia da cirurgia – que considera agressiva ao corpo – a longo prazo. “Minha irmã fez a cirurgia bariátrica. Hoje ela está transformada, está magra, mas mesmo não sendo médico ou cientista, me pergunto até quando ela vai estar magra? O organismo, as células, as funções hormonais… por ser mulher, será que isso não vai permitir uma segunda fase de engordar?”, indaga. Segundo ele, 25% das pessoas passam por depressão pós-cirurgia. “O estômago está reduzido, mas o cérebro ainda é de gordo”.

Carvalho reclama ainda de preconceito da sociedade que culpa os obesos pela condição a qual estão submetidos. “As poltronas dos aviões estão cada vez menores”, exemplifica. “A pessoa não pede para ser obesa, mas é taxada como comilona. É um distúrbio hormonal que faz com que a pessoa fique nessa condição, o corpo dela está despreparado, e ela é obrigada a passar por situações vexatórias”, completa.

Números
Segundo o Ministério da Saúde, são consideradas obesas, as pessoas com IMC maior que 30 kg/m². Dados divulgados pelo IBGE em agosto de 2010, apontam que 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres, com mais de 20 anos, são obesos. Os que estão acima do peso são 50,1%, entre os homens, e 48%, entre as mulheres.

Na década de 70, os que tinham sobrepeso eram 18,5% dos homens e 28,7% das mulheres. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, a obesidade é uma doença com várias causas, de caráter epidêmico, que atinge 300 milhões de pessoas em todo planeta.

Em 2009, o SUS gastou R$ 20 milhões com cirurgias bariátricas que, atualmente, pode ser realizada em 77 unidades de saúde. Em 2005, foram registradas 2.266 intervenções cirúrgicas que resultaram em 12 mortes. No ano seguinte, o número de cirurgias caiu para 2.023, mas as mortes subiram para 15.

Fonte: Notícias terra

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