A neuropatia diabética – termo utilizado para indicar a lesão dos nervos provocada pela alteração na glicemia – pode atingir pessoas consideradas como pré-diabéticas, ou seja, que têm sua glicemia de jejum na faixa dos 100 aos 125 mg/dl ou apresentam uma intolerância à sobrecarga de carboidratos. A informação é do endocrinologista Luiz Clemente Rolim, responsável pelo setor de neuropatia diabética do Centro de Diabetes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Segundo Rolim, o açúcar é altamente tóxico para os nervos e a oscilação constante do nível de açúcar no sangue, mostrada pelas hiperglicemias pós-prandiais, acaba destruindo a capa de proteção que existe nos nervos, chamada de bainha de mielina. A neuropatia diabética é, lembra o médico, a principal complicação que acomete os diabéticos e pode ser detectada – dependendo do tipo e da sensibilidade do exame realizado – em 30% a 70% dos portadores da doença. Infelizmente, lamenta Rolim, é também a menos diagnosticada por falta de um cuidadoso exame clínico neurológico dos pés.
O endocrinologista revela que a equipe do Centro de Diabetes da Unifesp tem encontrado diversos pré-diabéticos com neuropatia diabética. A presença dessa sequela tem sido mais freqüente naqueles portadores de síndrome metabólica, que se caracteriza por uma combinação de distúrbios como hipertensão, hiperglicemia de jejum, obesidade na região abdominal, aumento de triglicérides e diminuição do colesterol bom.
Pessoas com neuropatia diabética têm chance aumentada de desenvolver doenças cardiovasculares e problemas renais, complementa o médico. Além disso, a neuropatia, quando não detectada e tratada, pode desembocar em quadros extremamente graves, como a incontinência urinária e fecal, a disfunção erétil, a impossibilidade de locomoção, tudo podendo ainda ser acompanhado da presença de fortes dores nos pés e pernas.