Metade das pessoas obesas que fazem redução de estômago volta a engordar parcialmente, e 5% ganham todo o peso novamente. Por isso, não adianta apenas se submeter à cirurgia bariátrica: é preciso mudar de hábitos e ter uma reeducação alimentar para o resto da vida.
A operação também deve ser a última alternativa para quem precisa emagrecer – seja por obesidade mórbida ou por doenças associadas ao excesso de peso.
Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern e o cirurgião bariátrico Marco Aurélio, a bariátrica não faz milagres e envolve riscos e eventuais complicações no pós-operatório, como todo procedimento de alta complexidade. E, ao contrário do que muita gente pensa, o estômago das pessoas gordas não é maior nem mais elástico que o das magras.
Esse tipo de recurso é praticado no Brasil há 20 anos, e cada vez mais há pacientes que passam por ele. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, 60 mil cirurgias foram realizadas em 2010 no país, um aumento de 33% em relação a 2009. Desse total, 35% foram por videolaparoscopia, que são menos invasivas e já cobertas pelos planos de saúde. Estudos apontam perda média de 60% do peso original.
Há basicamente três tipos de cirurgia: a que apenas reduz o estômago, a que diminui e modifica um pouco o curso do intestino e a que reduz e altera muito o curso intestinal. O desvio intestinal permite que o órgão absorva menos gordura, além de estimular a produção de hormônios que diminuem a fome e melhoram a diabetes.
Nas primeiras duas ou três semanas, o paciente deve bebericar, a cada meia hora, cerca de 100 ml de líquidos como água, chá, gelatina, água de coco, isotônico, caldos caseiros de carne e de frango, sem resíduo algum. Passada essa fase, entram pequenas quantidades de macarrão e carne moída.
Ter sucesso na cirurgia bariátrica significa, após 5 anos, perder pelo menos metade do excesso. Por exemplo, uma pessoa de 100 kg cujo peso ideal é 60 kg precisa estar, depois de 10 anos, com até 80 kg. Para indivíduos com índice de massa corporal (IMC) entre 35 e 40, o sucesso é de 90%. Para IMCs maiores, a taxa cai para 70%.
É importante tomar cuidado especial com os carboidratos (pães, massas e doces), que são facilmente absorvidos e digeridos mesmo pelos operados. Gorduras e proteínas também devem ser evitadas.
As complicações mais graves dessa cirurgia são os sangramentos (2% dos casos), infecções, vazamentos das costuras, embolia pulmonar e hérnias. Também pode ocorrer obstrução intestinal, mesmo depois de muito tempo da operação.
Durante pelo menos 18 meses, é possível ficar com sobras de pele. Esse é o prazo para perder peso e fazer uma cirurgia plástica.
Para fazer a bariátrica, certifique-se de que seu médico é um cirurgião com formação específica e verifique se a equipe do profissional inclui endocrinologista, nutrólogo ou nutricionista e psiquiatra ou psicólogo.
No hospital, são necessários um anestesista, um fisioterapeuta e uma equipe de enfermagem. O hospital também precisa ter unidade de terapia intensiva (UTI).
Outros cuidados
– Deve haver a compreensão do paciente e dos familiares sobre os riscos da cirurgia e mudanças de hábitos
– O acompanhamento pós-operatório precisa ser feito com uma equipe multidisciplinar, a longo prazo
– A cirurgia não é milagrosa: a obesidade é uma doença crônica e deve ser controlada a vida inteira
Dados brasileiros
– Segundo o IBGE, até 2010 havia 12,5% dos homens adultos com obesidade e 16,9% das mulheres
– A incidência é maior entre homens de 45 a 54 anos e de mulheres entres 55 e 64 anos
– O excesso de peso e a obesidade atingem de duas a três vezes mais homens de maior renda, em áreas urbanas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste
Possíveis consequências da cirurgia
– Fraqueza
– Anemia
– Dificuldade para beber grandes quantidades de líquido
Fonte: Tribuna da Bahia