O uso frequente de descongestionante nasal pode ser prejudicial à saúde e atrapalhar o diagnóstico de doenças. O otorrinolaringologista Luciano Silveira Rodrigues diz que cerca de 30% dos pacientes chegam ao consultório estão acostumados a utilizar o medicamento de forma errada, o que pode acarretar danos na mucosa nasal.
“Infelizmente no Brasil não existe controle deste medicamento, as pessoas podem conseguir o produto com o farmacêutico sem dificuldade”, disse Rodrigues.
A biomédica Daiane Lacerda usava até 15 vezes por dia o congestionante, durante quatro anos. “Sempre tinha um dentro da bolsa, tinha um em casa guardado, sempre comprava um a mais, para não correr risco de ficar com nariz trancado, era vício mesmo”, disse.
Casos de Daiane são comuns, por causa da sensação de alívio causada pelo medicamento. Muitas pessoas acabam se automedicando. A farmacêutica Bianca Padovan disse que orienta os clientes a fazer inalação ou ir ao médico. “Descongestionantes são paliativos, resolvem na hora, não vai resolver o problema”. No estabelecimento, as vendas chegam a aumentar 50% em época de tempo seco.
O uso exagerado de descongestionante nasal pode ser perigoso caso seja feito sem orientação médica. A sensação de alívio pode atrapalhar o diagnóstico de doenças como rinite alérgica e desvio de septo. A prática pode prejudicar a saúde, primeiro por danificar a mucosa nasal, mas existem prejuízos ainda mais graves.
“Isso pode cair na corrente sanguínea, desencadeando aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial”, disse o otorrinolaringologista.
Para aliviar o efeito do clima seco no nariz, o jeito é usar soro fisiológico de maneira controlada, mas sempre com orientação médica. “Assim como a gente toma banho todo dia, não custa nada lavar o nariz todo dia”, explica o médico.
Fonte: Globo – G1