Estamos vivendo uma pandemia sem precedentes e extremamente dinâmica, mas também estamos aprendendo muito e rapidamente com esta crise! Já se fala em um “novo normal” no retorno às ativdades laborais com o fim da quarentena.
A doença (COVID-19) causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) apresenta um largo espectro de formas clínicas que podem ser divididas em 3 grandes grupos (1):
A) Desde casos assintomáticos (de 20 a 44% do total de infectados), até
B) Casos graves e muito graves (19% do total de sintomáticos): pneumonia com insuficiência respiratória grave e ou septicemia,
C) Passando por uma grande maioria de casos leves a moderados (81% do total de sintomáticos): gripes e pneumonias leves.
Esses são os efeitos biológicos da atual pandemia (1). Por outro lado, é fato que não vivemos apenas uma epidemia do vírus SARS-CoV-2, mas há também 3 vertentes não biológicas que estão impactando de diferentes formas o nosso dia a dia, a saber:
1 – a INFODEMIA: epidemia de fakenews, o uso político-ideológico da informação científica e a superdisseminação de notícias falsas (ingenuamente ou propositadamente) por indivíduos ou veículos de informação incautos ou inescrupulosos, respectivamente (2).
2 – a PSICODEMIA: repercussões da pandemia na saúde mental das pessoas (estresse, insônia, pânico, burnout, depressão) submetidas ao isolamento, ao desemprego, à crise econômica e às notícias tóxicas (2).
3 – a SEDENTARIDEMIA: as mudanças em nossas rotinas e hábitos diários impostos pela Pandemia do Coronavírus tem propiciado o aparecimento de disfunções metabólicas como ganho de peso, aumento no tempo de tela (em média, houve aumento de 5 hs/dia), déficit de vitamina D (baixa exposição solar) e sedentarismo (houve uma diminuição de 2,3 hs/dia na prática de atividade física desde o início da quarentena) (1).
Ora, a preservação da saúde tanto entre os indivíduos que já tiveram contato com o SARS-CoV-2 (assintomáticos ou sintomáticos) como entre os que ainda não adquiriram o vírus, é crucial, especialmente agora que as pessoas se preparam para retornar aos seus respectivos postos de trabalho. Nesse sentido, acaba de ser publicado um interessante artigo sobre a Estratificação de Risco para Trabalhadores Durante a Pandemia de COVID-19 (3) que orienta e individualiza como devemos proceder nesse retorno ao trabalho, de forma prudente e conscienciosa.
Sinteticamente, o autor divide o risco em 2 vertentes:
a) Risco Ocupacional de contrair o SARS-CoV-2, conforme a profissão e
b) Risco de Evoluir com COVID-19 grave e morte, conforme a idade e a presença de comorbidades graves em cada pessoa.
Ambas as vertentes apresentam, cada uma, 3 subgrupos divididos em Risco Baixo, Risco Moderado e Risco Grave, de acordo com a atividade laboral, a idade e a presença de comorbidades. A partir daí, cada indivíduo é classificado em RISCO A, B ou C (conforme o quadro colorido acima) e oportunamente orientado a retornar ao seu trabalho presencial com as devidas medidas de proteção ou a manter o seu home office, por exemplo.
Em conclusão, além do impacto biológico da epidemia do novo coronavírus é imperativo conhecermos as repercussões psico-sociais e econômicas da mesma na vida de milhares de pessoas. Na medida em que os governos reabrem suas economias, muitos trabalhadores estarão em risco e tanto a preservação da saúde quanto o retorno ao trabalho dos mesmos deverá ser realizado de forma prudente e de preferência, com orientação médica individualizada.
Referências: (1) Kamps BS & Hoffmann C. COVID Reference. Third Edition 2020~3 Uploaded on 23 April 2020. www.CovidReference.com. (2) Ball P, Maxmen A. Battling the Infodemic. Nature. Vol 581, pg 371-374. Published online on 28 May 2020. (3) Larochelle MR. “Is It Safe for Me to Go to Work?” Risk Stratification for Workers during the Covid-19 Pandemic. NEJM.ORG Published online on 26 May 2020.