A epidemia de diabetes está se alastrando pelo mundo. Pelo menos 366 milhões sofrem da doença e o número de casos vem aumentando, de acordo com dados da Federação Internacional de Diabetes. Uma pessoa morre a cada sete segundos devido a complicações da doença, mostram estudos divulgados hoje em Lisboa, durante o encontro da instituição, uma organização que representa associações de mais de 160 países. No Brasil, estatísticas oficiais mostram que 7% da população têm diabetes, mas médicos acreditam que este percentual é muito maior. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, há 500 casos novos por dia.
O tipo 1 — quando o organismo não produz o hormônio insulina — afeta principalmente as crianças e os adolescentes. Já o tipo 2 é o mais comum e ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente, também elevando o nível de açúcar no sangue. Envelhecimento e excesso de peso são os principais fatores de risco para a doença, que pode ser controlada com dieta, exercício e medicamentos. E quanto mais cedo o diagnóstico, menos problemas. Os médicos lembram que os altos níveis de glicose causam doenças graves nos rins, cegueira e amputações.
Em junho deste ano, estudo publicado na revista científica “Lancet” estimou que o número global de casos de diabetes duplicou nas últimas décadas. A federação pediu medidas concretas para frear a epidemia e que as autoridades de saúde procurem investir mais na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das doenças crônicas, tema de uma reunião que será realizada pela Organização das Nações Unidas nos próximos dias. Para especialistas, o cuidado com o diabetes deveria ser realizado em clínicas de saúde locais.
“O relógio não para”, disse Jean Claude Mbanya, o presidente do grupo. “Esperamos resultados em nosso encontro na ONU, e medidas para deter a marcha ascendente do diabetes”.
Não para mesmo. Só nos Estados Unidos, em 2000, mais de 11 milhões de americanos foram diagnosticados com diabetes. Até 2050, estima-se que esse número alcançará 29 milhões, ou 7% da população americana, segundo estudo na revista “Archives of Interna Medicine”. A despesa com remédios saltou de US$ 6,7 bilhões em 2001 para US$ 12,5 bilhões em 2007, segundo levantamento das universidades de Stanford e Chicago, nos Estados Unidos.
Suspeitar da doença é fácil e ela é confirmada em exames laboratoriais. Médicos explicam que o diabetes tipo 1 é uma doença auto-imune, isto é, o próprio organismo ataca e destrói as células beta responsáveis pela produção do hormônio insulina. Como não há produção de insulina, a glicose não alcança às células e elas ficam sem combustível para produzir energia. Os diabéticos precisam repor o hormônio para regularizar o metabolismo do açúcar. Os principais são necessidade de urinar diversas vezes ao dia, fome freqüente, sede constante, perda de peso, fraqueza, fadiga, nervosismo, alterações de humor, náusea e vômito. Ocorre em qualquer idade, mas costuma ter maior incidência antes dos 35 anos.
Já o tipo 2 é oito a dez vezes mais comum que o 1. O excesso de peso e o sedentarismo são os principais responsáveis. Mas também o fator hereditário é importante. Ocorre com maior freqüência acima de 40 anos. Neste caso, há produção de insulina pelo pâncreas, mas o hormônio é mal absorvido. As células não metabolizam glicose suficientemente, processo que os médicos chamam de resistência insulínica. Infecções freqüentes, alteração visual (visão embaçada), dificuldade de cicatrização de feridas, formigamento nos pés e furunculose são principais sintomas. Muitos desses pacientes precisam de reposição de insulina. Existe também o diabete gestacional, a alteração das taxas de açúcar no sangue, que aparece ou é detectada pela primeira vez na gravidez. Pode persistir ou desaparecer depois do parto.
Fonte: Pernambuco