Sabe-se da importância que uma atividade física regular tem para a saúde e qualidade de vida das pessoas em geral. Se tratando de portadores de diabete tipo 2, o exercício é ainda mais essencial, pois auxilia no controle dos níveis de glicose no sangue. O que não estava claro, até o momento, tanto para os pacientes quanto para os médicos, era qual o tipo de exercício mais adequado, seguro e eficaz para estas pessoas: aeróbico, localizado ou uma combinação dos dois?
Um estudo inédito desenvolvido por pesquisadores dos serviços de Endocrinologia e Cardiologia e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) — que foi publicado Journal of the American Medical Association (JAMA), uma das três revistas médicas mais importantes do mundo — responde a essa pergunta e deve ter grande impacto no tratamento dos portadores de diabetes tipo 2, que só no Brasil atinge quase 16 milhões. Segundo os pesquisadores gaúchos, controlar o nível de glicose no sangue através de exercícios físicos não depende da modalidade escolhida, mas da regularidade e da forma como eles são praticados.
As pessoas com o chamado “diabetes da maturidade”, segundo o estudo, devem realizar mais de 150 minutos de exercícios por semana, podendo escolher o tipo que mais lhes agradar, mas sempre priorizando o treinamento físico estruturado, ou seja, aquele que envolve uma programação detalhada e seu rígido cumprimento. O estudo constatou, inclusive, que a eficácia dos exercícios é maior quando o médico prescreve ao diabético um treinamento físico estruturado do que naquelas situações em que simplesmente recomenda que o paciente pratique alguma atividade física.
Algumas vezes, quando apenas um remédio não é suficiente para controlar a taxa de açúcar no sangue do paciente, um segundo produto é prescrito. Conforme demonstrou a equipe gaúcha, o medicamento excedente pode ser substituído por uma rotina bem orientada de caminhadas, corridas ou flexões. Quando o paciente faz atividades por conta própria, também consegue reduzir o nível de glicose — mas, nesse caso, o benefício cai pela metade e só é atingido quando vem acompanhado de um controle da dieta.
— Verificamos que a queda na glicose equivale à provocada quando incluímos um segundo remédio no tratamento – afirma um dos autores do trabalho, o cardiologista do Hospital de Clínicas e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jorge Pinto Ribeiro.
Também participaram do trabalho os endocrinologistas Jorge Luiz Gross e Mirela Azevedo e os alunos de pós-graduação Carolina Kramer e Danile Umpierre.
Fonte: Zero Hora